quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Murphy

Havia dias em que ele se pensava como a personificação de todas as leis de Murphy ao mesmo tempo. O despertador tocava mais cedo do que devia e ele não conseguia dormir mais. O metro atrasava-se e ele, atrasado, chegava ao trabalho depois de num metro vazio, um tipo grande, feio e malcheiroso se ter sentado ao seu lado.
Lá, no sítio do ganha-pão que era mais de tudo perder, os dias eram de duas formas: de muito trabalho que o vazia suar por dentro e por fora ou de quase nenhum, o que lhe dava um tédio quase mortal. E o computador que usava, por vezes bloqueava. Mas só nos dias de muito trabalho. Nos outros era ligeiro.

FDS

À beira do fim-de-semana clamo por revolução. É já no sábado que o despertador será obviamente demitido das suas mais básicas funções para hibernar até segunda que vem. Os lençóis e mantas que me cobrem ser-me-ão fiéis até quase ser tarde e não me traíram com as súplicas do tens que trabalhar. O computador que ligarei será bem mais velho e menos potente do que o da empresa mas será meu e terá um qualquer DVD que me acorde. Ele os beijinhos de quem estiver ao lado. Que felizmente costuma ser a certa há muitos meses. Depois uma bandeja chega à cama com pão de leite ou croissant que pão ou cereais descansam em paz até à jorna do trabalho.
Só se um bom programa me esperar é que os pés frios pisam o chão até onde me arranjo. Um bom filme. Uma partida de futebol. Uns gins. Uns amigos. O que for. Mas é em casa que há magia. Liberdade condicional. Mas nunca condicionada. Que chegue o fim-de-semana. Que se dê folga ao trabalho. Às derrotas do Sporting. À dieta.

Livros

Não há local onde goste mais de estar do que numa feira do livro ou livraria. Quero ter todos os livros do Mundo. Quero tocar-lhes. Sentir-lhes a pele. Abusar. Quero usá-los e sem tempo de mais, ponho-os de lado. Sinto cruel a sina de não os poder ter a todos. Ler a todos. Dar o mesmo amor de acariciar a capa com a mão direita enquanto viro as páginas com a esquerda. Quero de todos tirar prazer. Queria ler todos e estou condenado a não conseguir. Mostrando o meu amor prossigo, quixotesco, o meu caminho. Em todas as bancas me declaro ao meu amor.

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